POR QUE SETEMBRO É O MÊS NOVE E NÃO SETE?
A influência romana faz-se sentir
na cultura até nossos dias. Uma das mais interessantes delas é a do nome dos meses no calendário.
Plutarco, autor das “Vidas Paralelas”, obra que narra a biografia de grandes
personalidades romanas e gregas antigas, narra uma parte dessa história.
Após o primeiro rei de Roma –
Rômulo, os romanos escolheram como rei um homem de grande conhecimento e nítida
influência dos seguidores de Pitágoras - Numa. Foi um rei importante por ter
organizado diversos procedimentos dos rituais empregados em Roma. Um de seus
objetivos era diminuir o ímpeto guerreiro dos romanos e uma forma
simbólica de fazê-lo era pela mudança do próprio calendário.
O calendário romano tinha 10
meses, os primeiros dedicados aos deuses e os últimos referindo-se à mera ordem
dos meses. O primeiro deles (março) era dedicado a Marte, deus da Guerra. O
autor antigo especula sobre os nomes dos demais meses. Abril seria o mês
dedicado a Afrodite, período do ano, no
Hemisfério Norte, em que as flores abrem – “aprilis”
– soltando o pólen no ar. Maio era referência aos mais antigos, mais velhos ou veteranos (majores) e junho aos mais jovens (juniores). Na mitologia, os nomes encontram justificativa como referência
respectivamente à mãe de Mercúrio – Maia – e à Deusa Juno (Hera). Na sequência,
os meses faziam referência à ordem no calendário. Logo, o sétimo mês era setembro;
oitavo, outubro; nono mês era novembro e o décimo mês era dezembro.
A primeira reforma do calendário
foi feita por Numa que, no intuito mais pacífico para Roma, incluiu dois meses antes do mês dedicado
ao deus da guerra no calendário. Incluiu janeiro e fevereiro antes de março. O
mês de janeiro era dedicado a Jano, ser mitológico endemoniado que se torna,
posteriormente, um rei sábio e muda a vida dos homens. Era considerado o
criador da moeda e representado por duas faces olhando para sentidos
contrários. Já fevereiro era uma referência à purificação, segundo Plutarco. Em
outro livro, fala-se de fevereiro como referência à “februa”, tiras de couro de cabra e de cachorro, que representavam,
no imaginário romano, a fertilidade. No ritual romano, os sacerdotes de Luperco
saíam às ruas em fevereiro e atiravam uma das pontas em quem passasse. Dizia-se
que a mulher que fosse atingida pelas tiras iria engravidar naquele ano. Apesar
da mudança nos meses iniciais, o rei Numa manteve a nomenclatura antiga criando
o desencontro entre os nomes dos meses e a referência à sua ordem no calendário
ainda hoje empregado.
Interessante a observação feita por Plutarco acerca do templo de Jano. Diz que o templo de duas portas era mantido de portas
fechadas em tempos de paz e abertas em tempo de guerra. Segundo o autor, as
portas dos templos permaneceram abertas na maior parte da história, exceto nos
períodos de Numa, sob os cônsules Tito Mânlio e Marco Atílio e por um período
na época de Augusto.
Posteriormente, o sétimo mês foi
batizado em homenagem a Júlio César – julho. O oitavo mês foi dedicado ao
Imperador Otávio Augusto – Agosto. Algo que não se incorporou à nossa cultura foi a dedicação dos meses
de setembro e outubro aos nomes do imperador Domiciano: germânico e domiciano.
Os próprios romanos voltaram atrás e retomaram o uso de setembro e outubro.
Eis um pouco de cultura de almanaque para distrair as
ideias.
Sugestão de Leitura:
PLUTARCO. Vidas Paralelas. Primeiro Volume, São Paulo:Paumape, 1991, p. 156
a 158.
VRETTOS, Theodore. Alexandria: A Cidade do Pensamento Ocidental,
Tradução de Brigite Klein, São Paulo, Odisseus, 2005, p. 131.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito interessante professor. Fiquei curioso a respeito dos meses de julho e agosto, anteriormente a homenagem a Julio Cesar e a Otávio Augustus, respectivamente.
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